linguagem contemporânea

A linguagem e a comunicação visual podem ser usadas para realizar os “mesmos” sistemas fundamentais de significado que constituem nossa cultura, mas cada um o faz por suas próprias formas específicas, de maneira diferente e independente 1.

A linguagem é um fator importante para o desenvolvimento mental, exercendo funções organizadora e planejadora do pensamento, além de social e comunicativa. A partir da interação social, da qual a linguagem é expressão fundamental, a pessoa constrói sua própria individualidade. A estruturação do indivíduo e de sua consciência é em si mesma uma construção social na medida em que a consciência é um contato social consigo mesmo.

A onipresença da linguagem visual nos ambientes digitais requer uma nova compreensão crítica das maneiras como lemos e processamos informações visuais, a hipermídia e a transmídia.

A linguagem visual é um processo criativo e, portanto, o mais valioso dentro do campo do design, cujo objetivo básico é traduzir o conteúdo do sistema hipermidiático em signos dispostos como metáforas.

Há dois tipos de classificação de metáforas de interface: metáforas verbais e metáforas de interface virtual.

Enquanto as metáforas verbais convidam os usuários a perceberem similaridades e diferenças entre o novo e o antigo domínio familiar, as metáforas de interface virtual representam objetos físicos do domínio familiar na forma de ícones e outros tipos de elementos gráficos interativos. As metáforas têm as seguintes características: facilitar a comunicação; facilitar o aprendizado; fornecer um ambiente de trabalho familiar; fornecer um mapa objetivo da realidade; simplificar a realização de tarefas; evocar modelos mentais preexistentes; permitir associações com o mundo real 2.

Outro aspecto importante das linguagens contemporâneas é o hibridismo dos meios de comunicação como convergência dos mesmos. Os meios, como extensões de nossos sentidos, estabelecem novos índices relacionais, não apenas entre nossos sentidos particulares, como também entre si, na medida em que se inter-relacionam.

O rádio alterou a forma das histórias noticiosas, bem como a imagem fílmica, com o advento do sonoro. A televisão provocou mudanças drásticas na programação do rádio e na forma das radionovelas 3.

hipertexto

O link, em forma de hipertexto, é a primeira nova forma significativa de pontuação a emergir em séculos, mas é só um sinal do que está por vir. "O hipertexto, de fato, sugere toda uma nova gramática de possibilidades, uma nova maneira de escrever e narrar" 4.

A ideia de interconexões de nós parece estar subjacente ao entendimento do hipertexto como apresentação de informações que são disponibilizadas por meio de uma rede de nós interconectados por links, que pode ser acessada livremente pelo usuário de um modo não linear

hipermídia

A hipermídia 5 (hipertexto + multimídia) é um sistema de registro e exibição de informações informatizadas, que permite acesso a determinados documentos (com textos, imagens, vídeos, sons, etc.) a partir de links que acionam outros documentos e assim sucessivamente.

Um grande diferencial da linguagem hipermidiática foi permitir que hoje qualquer pessoa com acesso às tecnologias de informação e comunicação possa produzir informação (ser autor, coautor, produtor de vídeos e imagens) e disponibilizá-la em blogs, sites, redes sociais; consequentemente, a produção de conteúdo em rede cresce exponencialmente a cada dia.

transmidia

A transmídia é um modelo de relato no qual a história se desenvolve por múltiplos meios e plataformas de comunicação, e os usuários podem assumir a dinâmica ativa de suas experiências, de informações, de leituras, de imaginações no processo de expansão e de produção de conteúdo. A convergência dos meios permite a criação de inúmeras histórias, que revelam a multiplicidade potencial do narrável.

Em seu livro intitulado Cultura da convergência 6, Henry Jenkins define a narrativa transmídia como “[...] uma nova estética que surgiu em resposta à convergência das mídias – uma estética que faz novas exigências aos consumidores e depende da participação ativa de comunidades de conhecimento”.

1 KRESS, Gunther; LEEUWEN, Theo van. Reading images: the grammar of visual design. Great Britain: Routledge, 2006.
2 PREECE, Jenny. Human-computer Interaction. Massachusetts: Addison-Wesley, 1994.
3 MCLUHAN, Marshal. Os meios como extensões do homem . São Paulo: Cultrix, 1964.
4 JOHNSON, Steven. Cultura da interface: como o computador transforma nossa maneira de criar e comunicar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p. 84.
5 MOURA, Mônica C. O design de hipermídia. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2003.
6 JENKINS, Henry. Cultura da convergência. São Paulo: ALEPH, 2009.