epistemologia visual

A linguagem visual e escrita são sistemas de símbolos criados pela atividade social organizada por indivíduos. Atualmente, com o advento da tecnologia de informação e comunicação, a linguagem visual passou a ser muito valorizada. As representações simbólicas, devido à mídia, tornam-se cada vez mais sofisticadas, tendo por objetivo o diálogo entre as pessoas e seus contextos sociais.

Com o intuito de apresentar estudos sobre a informação visual, foram selecionados alguns autores que discutem este tema. Os autores foram selecionados pela relevância de seu trabalho para a área do design, de modo a construir um conhecimento desde os conceitos de linguagem gráfica até os novos conceitos do design digital. A ordem dos autores parte de um entendimento dos modos de linguagem, depois da representação gráfica até chegar aos autores que discutem a linguagem nos meios digitais.

linguagem
Michael Twyman

A linguagem é definida como veículo de comunicação enquanto linguagem gráfica é aquilo que é desenhado ou realizado de modo visível em resposta a decisões conscientes. A comunicação é um processo de transmissão de mensagens, que pode ocorrer através das diversas formas de linguagens, como a linguagem gestual (através de gestos e expressões faciais), a verbal-falada (através da fala, com palavras e frases) e a gráfica. Esta abarca a linguagem pictórica (com imagens e símbolos visuais), a verbal-escrita (registro e codificação gráfica da linguagem verbal-falada) e a esquemática (com marcas gráficas não sendo nem números, nem letras ou imagens). A imagem apresenta um esquema descritivo do ponto de vista da linguística e do design gráfico. 1

semiologia gráfica
Jacques Bertin

Seu livro Semiologie Graphique está baseado em sua experiência como cartógrafo e geógrafo, representa a primeira e mais ampla intenção de fornecer uma base teórica para a Visualização da informação, que o levou a ser considerado um dos pioneiros do design da informação. A representação gráfica faz parte do sistema de signos que o homem constrói para dar significado, compreender e comunicar os pensamentos que lhe são significativos. Ou seja, a representação gráfica, antes de tudo, colabora para a memorização de dados e é suscetível de classificações, de categorizações, de manipulações diversas que permite desvelar por si mesmo o que há a dizer. O autor disponibiliza um quadro sintetizado de formas de informação visual. 2

design da informação
Edward Rolf Tufte

Sua teoria científica da representação de dados tem foco simultâneo no Design Gráfico e na Estatística, tendo por base conhecidas ferramentas visuais estatísticas, como o gráfico de barras, o de pizza, o de série temporal e o de área variável, que podemos dizer que já existem há muitos anos, mesmo antes das tecnologias da informação. Atualmente, o Design da Informação está diante da necessidade de desenvolver novas formas de apresentação, que vão além das tradicionais, incorporando as demandas criadas pelo advento da mídia interativa. Um exemplo de design da informação é a Carte Figurative de Charles Joseph Minard que ilustra fatos relacionados à Invasão Francesa da Rússia (1812). 3

estrutura gráfica
Scott McCloud

Autor do livro Understanding Comics, McCloud considera os quadrinhos como uma forma literária e de arte autônoma. Sua obra é de grande contribuição para o design, pois seu trabalho pioneiro no estudo sobre estrutura gráfica para quadrinhos descreve sistematicamente como os significados são construídos por meio de formas visuais que dão sentido à história, e possibilita ao leitor perceber movimento, sequência e tempo, mesmo em suporte estático.

design de interface
Jesse James Garrett

Design de Interface, por meio das abordagens cognitivas, busca modelos do funcionamento da mente humana para entender quais características são necessárias para que as interfaces sejam mais fáceis de usar e de aprender. Estas abordagens são de fundamental importância para a elaboração do modelo conceitual da aplicação, mas deixam, entretanto, de considerar o amplo potencial comunicativo que as interfaces têm e que pode ser explorado no aprendizado deste modelo.

O diagrama The Elements of User Experience 4 lançou sua popularidade na comunidade de web design no início de 2000 indo além das abordagens cognitivas e destaca a relevância do design visual.

engenharia semiótica
Clarisse Sieckenius de Souza

A Engenharia Semiótica tem precisamente o objetivo de explorar a característica de comunicação que os sistemas computacionais possuem e oferecer ao designer instrumentação que o permita ensinar quais soluções ele projetou para os problemas dos usuários.

A estratégia das abordagens cognitivas para o apoio ao design de sistemas interativos consiste na elaboração de modelos cognitivos que permitam aos designers entender os processos cognitivos humanos usados na interação e realizar experimentos ou previsões com estes modelos.

A ideia básica é que modelos cognitivos que descrevem os processos e estruturas mentais (recordação, interpretação, planejamento e aprendizado) podem indicar para pesquisadores e projetistas quais as propriedades que os modelos de interação devem ter, de maneira que a interação possa ser desempenhada mais facilmente pelos usuários.

fundamentos do design
Ellen Lupton

Em seu livro, Novos fundamentos do design 5, Ellen Lupton revê os fundamentos básicos do design, aborda temas como: ponto, linha, plano, ritmo, equilíbrio, modularidade, tempo e movimento, como foco nas transformações tecnológicas e sociais. Apresenta questões relativas à criação de marcas, impressos e sinalizações até questões relacionadas com o meio digital, como: a criação de páginas da internet e design em movimento, com o intuito de refletir sobre o equilíbrio entre habilidade técnica e pensamento visual crítico

humanidades digitais
Anne Burdick

A relação do design e as práticas em “Humanidades Digitais” partem do princípio que o design é uma prática criativa que aproveita restrições culturais, sociais, econômicas e tecnológicas para trazer sistemas e objetos para o mundo. O campo do design vem explorando com sucesso a tecnologia para a produção cultural, seja como tecnologias de produtos úteis, seja por meio da formação do imaginário cultural. Como as humanidades digitais moldam e interpretam esse imaginário, seu envolvimento com o design como um método de pensamento através da prática é indispensável. 6

1 TWYMAN, Michael. L. The graphic presentation of language. Information Design Journal. Vol 3, pp. 2-22, 1982.
2 BERTIN, Jacques. Sémiologie Graphique. Les diagrammeon. Paris: Flammarion, 1977, 273 p.
3 TUFTE, Edward. The Visual Display of Quantitative Information (pictures of numbers), 1983.
4 GARRET, Jesse James. The Elements of User Experience: User-Centered Design for the Web. Indianapolis, New Riders. 2002.
5 LUPTON, Ellen. Novos fundamentos em design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
6 BURDICK, Anne [et al.]. Digital_humanities. Massachusetts: MIT Press, 2012.